A cantora Liloca, conhecida por seu estilo irreverente e suas letras que frequentemente tocam nas questões sociais de Moçambique, gerou uma enorme controvérsia após aparecer publicamente vestindo roupas com o emblema da FRELIMO, partido que lidera o país desde a independência. A imagem de Liloca, com uma camiseta estampada com o símbolo da
LILOCA TRAI OS ARTISTAS E VESTE A MODA FRELIMO
legenda, rapidamente se espalhou pelas redes sociais, gerando uma onda de reações polarizadas.
Para muitos de seus fãs, a atitude foi vista como uma traição aos princípios de independência artística e à sua imagem de cantora de rua, sempre próxima às camadas populares e a um discurso crítico sobre as questões sociais e políticas. A associação de Liloca com um partido que é alvo de críticas pela perpetuação de práticas de poder e corrupção, além da crescente desigualdade no país, foi interpretada por muitos como uma concessão ou uma tentativa de se aproximar de uma elite política que lhe garantiria visibilidade e proteção.
Nas ruas de Maputo, a indignação foi palpável. Grupos de jovens que se viam como aliados da artista em sua luta contra o sistema político dominante se sentiram traídos. "Liloca sempre cantou para nós, o povo, agora ela está fazendo parte do problema", desabafou um dos manifestantes. Vários internautas, principalmente em plataformas como o Facebook e o Twitter, acusaram a cantora de se vender ao establishment político, abandonando sua posição de crítica social para se alinhar com aqueles que ela mesma, em tantas músicas, havia denunciado.
Por outro lado, houve quem defendesse que Liloca poderia estar apenas fazendo uma provocação estratégica, uma jogada de marketing para gerar debate e manter-se relevante no cenário político e cultural do país. Alguns apoiadores do governo, em sua maioria ligados ao partido, viram a escolha da artista como uma demonstração de maturidade política ou até como um gesto de solidariedade com as políticas públicas da FRELIMO.
Com o debate intensificado, Liloca ainda não se manifestou sobre as razões de sua escolha, deixando no ar um mistério que aumenta ainda mais a polêmica. O episódio gerou um impacto que transcende as fronteiras da música, refletindo as divisões políticas e sociais cada vez mais intensas em Moçambique. A fúria popular segue crescente, e a dúvida permanece: teria Liloca se vendido ao sistema, ou estaria apenas usando sua imagem para incitar mais uma reflexão sobre o que é, de fato, ser livre no país?

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